Independentemente da origem de uma cicatriz, seja ela resultado de traumas, acidentes ou cirurgias plásticas, cada uma conta uma história.
O desejo de amenizá-la ou eliminá-la completamente está presente na maioria das pessoas que convivem com essas marcas.
A boa notícia é que a ciência da estética evoluiu — e hoje é possível amenizar e até transformar completamente o aspecto de uma cicatriz com o tratamento adequado. As pomadas cicatrizantes e as cirurgias de redução e melhora da pele surgem como uma das soluções mais procuradas e eficientes neste processo.
Neste conteúdo, você vai descobrir como funciona o processo de cicatrização da pele, quais são os tipos de cicatrizes existentes, quais produtos realmente funcionam (entre pomadas, fitas de silicone e óleos naturais), além de orientações médicas e cuidados diários para uma recuperação mais rápida, segura e estética.
O que é cicatriz?
Cicatriz é o resultado natural do processo de cicatrização da pele após uma lesão, cirurgia ou trauma. Quando a pele é ferida em camadas profundas, o corpo ativa um processo de reparo que envolve a produção de colágeno para fechar o tecido.
O local regenerado raramente volta ao aspecto exato da pele original, resultando em uma marca visível, a cicatriz. Ela pode resultar em uma área de pele de coloração diferente e até mais grossa ou elevada, em alguns casos.
Dependendo das características de uma cicatriz, como tamanho e gravidade da lesão, podem ser classificadas em tipos específicos. Você vai conhecer mais sobre cada uma delas.
Tipos de Cicatriz: Quais são eles?
Nem toda cicatriz se forma do mesmo jeito. Saber identificar é fundamental para que você busque o tratamento correto.
Veja os principais tipos:
Cicatriz Normal
Cicatriz normal é aquela que se forma de maneira saudável e dentro do esperado pelo corpo após uma lesão ou cirurgia. Ela costuma ser plana, acompanha o nível da pele e, com o tempo, vai mudando de coloração — inicialmente rosada, depois esbranquiçada ou mais próxima do tom natural da pele.
A cicatriz normalmente não dói, não coça e não cresce além dos limites do corte original. É o tipo de cicatriz mais comum quando há boa cicatrização e cuidados adequados no pós-operatório.
Cicatriz Hipertrófica
Cicatriz hipertrófica é um tipo de cicatriz elevada que se forma quando o corpo produz colágeno em excesso durante a cicatrização, mas sem ultrapassar os limites da ferida original. Ela costuma ser espessa, avermelhada ou rosada, pode coçar e causar desconforto, especialmente nas primeiras semanas.
Apesar da aparência mais visível, a cicatriz hipertrófica tende a regredir com o tempo e pode ser tratada com pomadas cicatrizantes, fitas de silicone e terapias dermatológicas.
Queloide
Queloide é uma cicatriz anormal que cresce além dos limites da ferida original, formando uma elevação espessa, endurecida e geralmente de coloração escura. Ao contrário da cicatriz hipertrófica, o queloide continua crescendo com o tempo e pode causar dor, coceira ou sensibilidade.
O tratamento para queloide pode incluir pomadas específicas, uso prolongado de fita de silicone, injeções de corticoide ou procedimentos como laser e microagulhamento.
Cicatriz atrófica
Cicatriz atrófica é aquela que se forma com um aspecto afundado ou deprimido na pele, causada pela perda de colágeno durante a cicatrização. Ela acontece quando a pele não consegue regenerar o tecido perdido, sendo comum após casos de acne grave, catapora ou lesões que comprometeram camadas profundas da derme.
Essas cicatrizes não crescem ou inflamam, mas afetam a textura da pele. Tratamentos indicados incluem pomadas regeneradoras, preenchimentos dérmicos, microagulhamento e técnicas de laser fracionado.
Pomada Cicatrizante: Como funciona e qual é a melhor?
As pomadas cicatrizantes são produtos tópicos atuam acelerando a cicatrização, reduzindo inflamações e prevenindo infecções. Algumas ainda ajudam a minimizar a formação de cicatrizes hipertróficas ou quelóides.
Principais tipos e composição:
- Pomadas com dexpantenol: hidratam intensamente e auxiliam na renovação celular.
- Pomadas com vitamina E: antioxidantes que ajudam a melhorar o aspecto e a elasticidade da pele.
- Pomadas com óleo de girassol: combatem radicais livres e aceleram a reepitelização.
- Pomadas com antibacterianos (como neomicina): indicadas para feridas abertas e risco de infecção.
Comparativo de marcas populares
- Cicatricure para cicatriz: indicada para manchas, cicatrizes antigas e estrias. Boa para uso estético, mas menos eficaz em cicatrizes novas ou elevadas.
- Contractubex: usada para cicatrizes hipertróficas, possui extrato de cebola e heparina.
- Natrium (dexpantenol): fórmula hidratante e regeneradora, ideal para o pós-operatório inicial.
- Pomadas manipuladas: muitas clínicas prescrevem fórmulas personalizadas com fatores de crescimento, ideais para quem passou por cirurgia plástica.
A escolha depende do tipo de cicatriz, tempo de evolução, tonalidade da pele e grau de sensibilidade. O ideal é buscar avaliação profissional para uma melhor recomendação.
Fita de silicone para cicatriz
A fita de silicone para cicatriz é um produto adesivo feito à base de silicone que é colocado diretamente sobre a cicatriz após uma cirurgia ou qualquer outro tipo de lesão na pele. Seu uso da fita pode contribuir com a redução da aparência da marca.
Inclusive, a fita de silicone para cicatriz melhora a aparência da pele, pois possui agente hidratante. A fita cria um ambiente úmido na superfície da cicatriz, reduzindo a vermelhidão e suavizando a textura. Além disso, com sua compressão, a fita de silicone ajuda na prevenção de queloides.
O tempo de uso da fita ideal pode variar de acordo com o tipo de cirurgia e a recomendação médica. Geralmente, recomenda-se esperar até que a incisão esteja completamente fechada.
O resultado varia de pessoa para pessoa e o uso da fita deve ser feito com acompanhamento médico.
Quais são as fases da cicatrização?
Existem três tipos de fases da cicatrização, a inflamatória, a proliferativa e a maturação. As mudanças no microambiente, como alterações de forças mecânicas e níveis de oxigênio impactam direto em cada etapa.
Confira cada uma das fases, abaixo:
Fase inflamatória (ou reativa)
O primeiro estágio da cicatrização é quando as células da pele são expostas a sinais de fase aguda, gerando hemostasia, que interrompe o sangramento após dano vascular. Com isso, é fornecido um suporte para as células inflamatórias.
Depois, há linha de defesa contra bactérias, amplificando a resposta inflamatória com maior concentração 24 horas após a lesão. Portanto, de 48 a 96 horas da lesão, os monócitos (glóbulos brancos) se transformam em macrófagos (células do sistema imunológico, destruição de partículas estranhas) no tecido da ferida.
Nessa fase, os vasos sanguíneos se expandem e a ferida costuma apresentar sinais de inflamação, como calor, inchaço e dor.
Feridas menores, mais superficiais e limpas tendem a passar rapidamente por essa fase inicial, já que o corpo precisa formar apenas um pequeno coágulo e remover uma quantidade reduzida de resíduos celulares. Por outro lado, feridas mais profundas, extensas ou contaminadas exigem um tempo maior para cicatrizar.
Isso ocorre porque o organismo precisa de mais tempo para estancar o sangramento, limpar a área e remover tecidos danificados ou mortos antes de seguir para as próximas fases da recuperação.
Fase proliferativa
Por volta do quarto dia após a lesão, começa a fase proliferativa, que é uma das mais importantes quando falamos de estética. Essa fase é responsável pelo fechamento da ferida e pode durar até duas semanas ou mais, dependendo do caso.
Ela é formada por três etapas principais:
- Epitelização: as células da pele começam a se multiplicar e se mover para cobrir a área machucada, especialmente em feridas mais superficiais, que atingem só as camadas mais externas da pele.
- Angiogênese: é quando se formam novos vasos sanguíneos para levar oxigênio e nutrientes à região, além de células que ajudam na limpeza da área, como os macrófagos.
- Formação do tecido de granulação: nessa etapa, células chamadas fibroblastos se deslocam até a ferida. Elas precisam ser ativadas para começar a produzir colágeno — uma proteína essencial para a cicatrização. Além disso, ajudam a “encolher” a ferida, acelerando o fechamento.
Fase de maturação (reparo)
Nesta fase da cicatrização, o corpo começa a organizar melhor o colágeno na ferida e a fortalecê-la. Isso geralmente atinge seu ponto mais alto por volta da terceira semana após a lesão. A partir daí, a cicatriz continua mudando e se ajustando, o que pode levar meses ou até anos.
Nesse processo, o colágeno mais leve (tipo III) é substituído por um colágeno mais firme, que ajuda a dar mais resistência à pele. A ferida também vai se contraindo aos poucos, graças à ação de células chamadas fibroblastos, que ajudam a fechar e fortalecer a área machucada. A força máxima da cicatriz costuma ser atingida por volta da 12ª semana.
Vale lembrar que a velocidade da cicatrização varia de pessoa para pessoa. Pessoas com mais idade, por exemplo, tendem a cicatrizar mais devagar que crianças. Além disso, fatores como alimentação e saúde do sistema imunológico também influenciam nesse processo.
Óleo de Girassol é cicatrizante?
Sim, o óleo de girassol ajuda na cicatrização da pele por conta de sua ação anti-inflamatória e hidratante. Com seus componentes à base de ácidos graxos e vitamina E, o óleo ajuda a restaurar a barreira cutânea, o que acelera a renovação celular e elasticidade da pele.
Na prática, o óleo de girassol é muito utilizado no pós-operatório de cirurgias plásticas, em queimaduras, feridas e também na prevenção de rachaduras e ressecamentos. Ele forma uma película protetora sobre a pele, mantendo a umidade e evitando agressões externas.
Apesar de ser um produto natural, o ideal é que seja recomendado e orientado por um médico profissional da área. Até por conta de sua associação às pomadas e fitas de silicone.
Quais alimentos contribuem para melhora da cicatriz?
Confira os principais alimentos aliados para melhorar a cicatriz:
- Proteínas magras: carnes, ovos e leguminosas (como feijão e lentilha) fornecem os “blocos de construção” necessários para o reparo celular.
- Vitamina C: encontrada em frutas como laranja, acerola, kiwi e morango, essa vitamina estimula a produção de colágeno e fortalece o sistema imunológico.
- Zinco: presente em castanhas, carnes e cereais integrais, ajuda a reduzir inflamações e atua diretamente na regeneração da pele.
- Vitamina A: auxilia na multiplicação celular e pode ser encontrada na cenoura, batata-doce e folhas verde-escuras.
- Ômega-3: com ação anti-inflamatória, está em peixes como salmão, sardinha e também na linhaça e na chia.
- Água: manter-se bem hidratada é fundamental para manter a elasticidade e a regeneração da pele em dia.
Uma alimentação saudável, rica em nutrientes ajuda a acelerar a cicatrização da pele, e com isso a aparência da cicatriz. Independente da lesão ou cirurgia, o corpo precisa de vitaminas para formar um novo tecido e combater inflamações.
Evite alimentos ultraprocessados, açúcar em excesso, frituras e bebidas alcoólicas — todos eles podem prejudicar o processo de cicatrização e comprometer o resultado da sua cirurgia ou tratamento estético.
Seguir a recomendação médica é fundamental para evitar a deiscência, a abertura dos pontos de suturas cirúrgicas ou cicatriz.
Quando procurar um especialista
Mesmo com todos os cuidados, algumas cicatrizes podem não evoluir como o esperado. Nos casos de a cicatriz continuar crescendo após 2 meses, apresentar dor ou secreção, se tiver coloração escura ou comprometer movimentos, você deverá se orientar com um especialista.
Quanto antes o problema for tratado, maiores são as chances de sucesso.
As pomadas, fitas e cuidados recomendados não são apenas produtos, mas aliados no seu processo de pós-cirurgia e recuperação.
Para conhecer mais sobre o seu médico, confira seu histórico profissional no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
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