A deiscência é uma das complicações mais temidas no pós-operatório de uma cirurgia, especialmente em procedimentos como abdominoplastia, mamoplastia ou cesariana. Ela ocorre quando há abertura parcial ou total dos pontos que mantêm a ferida cirúrgica unida, expondo os tecidos internos.
Embora a deiscência de sutura seja considerada uma intercorrência rara, ela tende a se manifestar com mais frequência entre o 5º e o 14º dia após a cirurgia, justamente quando a cicatrização ainda está em sua fase inicial.
A atenção ao pós-operatório e o respeito às recomendações médicas são fundamentais para prevenir esse tipo de complicação.
Neste artigo, você entenderá o que é a deiscência, quais são suas principais causas, como ela se manifesta, qual a diferença entre ela e outros problemas de cicatrização, como hematomas ou seromas, e os tratamentos mais indicados para cada caso.
O que é deiscência?
A deiscência é uma complicação pós-cirúrgica caracterizada pela abertura parcial ou total da ferida operatória, resultante da separação das bordas da incisão que foram unidas por suturas.
Essa condição representa um risco importante para a recuperação do paciente, pois pode levar à exposição dos tecidos internos, aumentar as chances de infecção e comprometer o resultado estético e funcional da cirurgia.
Ela pode ocorrer em qualquer tipo de cirurgia, mas é mais comum após cirurgias abdominais, mamoplastias, cesarianas e procedimentos que envolvem manipulação extensa de tecidos.
O que causa a deiscência de sutura?
A principal causa da deiscência de sutura é o aumento da pressão sobre o local operado, especialmente durante a fase inicial da cicatrização. Isso pode acontecer devido a esforços físicos exagerados, movimentações bruscas, tosse frequente, espirros sem proteção adequada da área operada ou até mesmo infecções locais.
Outros fatores que aumentam o risco de abertura dos pontos incluem:
- Idade avançada
- Obesidade ou excesso de peso
- Doenças crônicas, como diabetes, insuficiência renal ou cardíaca
- Tratamento com corticoides ou imunossupressores
- Hábito de fumar
- Desnutrição ou hipoalbuminemia
- Infecção na ferida cirúrgica
- Radioterapia prévia na região operada
A combinação desses fatores pode comprometer a capacidade do organismo de manter a incisão fechada e de cicatrizar adequadamente.
Sintomas de deiscência de ferida
Os sinais da deiscência de pontos variam conforme a gravidade, podendo ser discretos ou alarmantes. Entre os principais sintomas, podemos destacar a abertura visível da cicatriz, com separação das bordas da ferida, saída de secreção serosa ou sanguinolenta pelo local operado e inchaço ou aumento de volume na região.
Em alguns casos também é possível sentir dor intensa ou aumento súbito da sensibilidade e uma vermelhidão com ou sem presença de pus, indicando infecção.
Nos casos mais graves, pode ocorrer evisceração, em que órgãos internos extravasam pelo local da cirurgia. Esta é uma emergência médica e exige atendimento imediato.
Quando acontece a deiscência cirúrgica?
A deiscência tende a surgir nos primeiros dias após a cirurgia, período crítico em que a cicatrização ainda está frágil. É por isso que o repouso adequado, o uso de cintas compressivas (quando indicadas), a alimentação equilibrada e o controle das comorbidades são tão importantes no pós-operatório.
Mesmo em pacientes sem fatores de risco evidentes, a técnica cirúrgica inadequada, o uso de materiais de baixa qualidade para sutura ou a falta de cuidados pós-operatórios podem contribuir para a ocorrência do problema.
Como tratar?
O tratamento depende do grau da abertura da sutura. Em casos leves, com separação mínima e ausência de infecção, o acompanhamento médico com limpeza adequada, curativos e vigilância pode ser suficiente. Em situações moderadas, pode ser necessária uma nova sutura da ferida.
Já nos casos mais graves, com evisceração ou infecção associada, o tratamento exige internação hospitalar, uso de antibióticos e, muitas vezes, uma outra intervenção cirúrgica.
É fundamental não tentar manipular a ferida em casa. Apenas um cirurgião poderá avaliar corretamente o quadro e definir o tratamento adequado.
Como prevenir a deiscência de sutura?
A prevenção da deiscência começa muito antes da cirurgia. Algumas estratégias essenciais incluem uma avaliação pré-operatória rigorosa para controle de comorbidades. Porque isso que é importante escolher um cirurgião experiente e qualificado. Dessa forma, você garante uma técnica cirúrgica adequada com materiais de qualidade.
Também é essencial evitar esforços físicos nas primeiras semanas, realizar uma boa limpeza do local e usar pomada recomendada. Em alguns casos, as cintas compressivas podem ser indicadas.
Lembrando que até mesmo cirurgias bem conduzidas podem evoluir com deiscência, por isso a comunicação contínua com o cirurgião é essencial.
Dados sobre deiscência: prevalência e custos
Segundo dados do programa Cirurgia Segura, entre 2019 e 2021, cerca de 9% das intercorrências pós-operatórias foram associadas à deiscência de sutura. O valor médio reembolsado por esse tipo de complicação foi de R$ 1.805,00, podendo chegar a mais de R$ 13 mil em situações complexas, como uma nova abdominoplastia com evisceração.
Esses dados reforçam a importância de realizar a cirurgia com profissionais experientes, em ambiente seguro, com suporte de acompanhamento completo.
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Revisado por Dr. Flávio Garcia | CRM 104.850
